terça-feira, 16 de agosto de 2011


Onde há mais chances de crescer na carreira



O número de mulheres entrando no mercado tem sido crescente nas últimas quatro décadas no Brasil. Dados do IBGE relativos a 2009 mostram que a parcela feminina ocupada somou 39,5 milhões de profissionais, 300 000 a mais que em 2008. Não há sinal de que esse ciclo se interrompa nos próximos anos. Mas onde estão as oportunidades? VOCÊ S/A entrevistou headhunters e especialistas em trabalho e gênero para mapear os setores mais receptivos às profissionais atualmente.
“Hoje, há mercado aberto para as mulheres em todos os lugares”, diz Berenice Baxter Khoury, diretora da consultoria de recrutamento Berenice Baxter, de Belo Horizonte.
Já conhecidos pela presença feminina, os setores de saúde e de educação continuam absorvendo mão de obra das mulheres. Mas há mudanças em outras áreas. “Algumas chamam a atenção pelo avanço rápido da participação feminina, como arquitetura e direito”, diz Cristina Bruschini, socióloga e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, de São Paulo.
Dados compilados por Cristina mostram que as arquitetas são maioria entre os empregados no país. As advogadas estão quase lá. Em 1995, elas representavam 37% dos advogados empregados em empresas ou trabalhando de forma particular. Em 2007, já eram 47,7%. Nas companhias, as áreas que mais contratam mulheres continuam sendo marketing e recursos humanos.
“Nessas áreas, as mulheres são procuradas pela capacidade de ouvir o outro, mas também por serem maioria na base da pirâmide”, diz Daniela Dall’Acqua, consultora sênior da Korn&Ferry. Na empresa de recrutamento Asap, de São Paulo, entre as contratações deste ano para a área de marketing, 71% eram mulheres. Em RH, elas ficaram com 81% das vagas.
As oportunidades também estão em áreas não convencionais à presença feminina. Entre 1995 e 2007, a parcela de mulheres entre engenheiros empregados passou de 11,6% para 15%. “Elas têm sido contratadas nos setores de petróleo e gás e automotivo, em cargos tanto de gerência quanto operacionais”, diz a socióloga Eunice Léa de Moraes, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República.
No campo das exatas, tecnologia também se destaca. O número de mulheres tem crescido especialmente na gerência de projetos. “Essa posição exige fazer diferentes tarefas ao mesmo tempo, competência comum às mulheres”, diz Daniela, da Korn&Ferry. Uma pesquisa da consultoria americana Sheila Greco Associates mostra que o percentual de executivas em posições de liderança em TI entre as 1 000 maiores empresas do mundo aumentou de 12% em 2007 para 16,4% em 2009.A maior participação feminina também é vista no mundo das finanças.
“As empresas têm buscado mais diretoras financeiras, por considerarem que elas são mais atentas”, observa Magui Castro, sócia da CT Partners, de São Paulo.
O crescimento da participação feminina em áreas antes dominadas pelos homens é atribuído à queda de estereótipos. “Na área de vendas, quebrou-se o paradigma de que a mulher é sensível para negociar”, diz Roberta Giuliano, da Passarelli Consultores, de São Paulo. Nesse sentido, um movimento comum é a troca de executivas da área de marketing para a comercial, onde podem compreender mais a estratégia do negócio.
A abertura de espaço para as mulheres reflete no maior acesso e no investimento em educação por parte delas. Quando comparadas aos homens, as mulheres são mais escolarizadas. Números do IBGE divulgados neste ano mostram que 19,6% das trabalhadoras ocupadas têm nível superior completo. Entre os homens, são 14,2%. É nos cargos mais altos que se veem menos mulheres.
Mas até neles a presença feminina aumentou. Pesquisa feita com parte das 500 maiores companhias do Brasil e divulgada no mês passado pelo Instituto Ethos e pelo Ibope Inteligência mostra que as mulheres ocupavam 6% dos cargos de diretoria em 2001, mas, neste ano, já estavam em 13,7% deles. Nas gerências, elas ocupam 22% dos postos. Nem sempre, porém, se encontram as líderes procuradas.
Em um levantamento de gerentes que pudessem assumir diretorias, Magui Castro, da CT Partners, encontrou mulheres evitando subir na carreira por temerem abrir mão do tempo com a família. “Não subir se torna uma condição, e não uma opção”, diz Eunice Léa. É algo que vai precisar entrar em discussão nas empresas para valer, já que elas estão valorizando a diversidade que o olhar feminino agrega aos negócios e, por isso, os pedidos para incluir mulheres entre os finalistas na seleção de vagas não param de crescer.

Fonte:


http://vocesa.abril.com.br/desenvolva-sua-carreira/materia/mercado-oportunidades-setores-quentes-629649.shtml

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