quarta-feira, 24 de agosto de 2011


Desmistificando a oratória




É uma arte, diz Cândido Borges, ao defini-la. É uma ferramenta de convencimento, dizem outros. Pois, fiquem sabendo que não. Exatamente! A oratória deixou de ser uma arte - embora muitos a considerem como o principal atributo dos políticos e, portanto, ela carrega sua porção pegajosa - para de tornar uma necessidade. Uma real necessidade de todas as pessoas. E não é preciso ir muito longe. Neste momento centenas - o ideal seria dizer milhares - de pessoas estão sendo entrevistadas em diversos segmentos profissionais e níveis de conhecimento. O que está sendo levado em consideração pelos avaliadores e profissionais de relações humanas? Provavelmente a postura profissional, as atitudes, as convicções e as idéias sobre o que faz e o que pretende fazer dentro da empresa à qual está se habilitando.
Então, concorda comigo? Mais do que nunca, a desenvoltura verbal se tornou um requisito de inserção no mercado exigente e competitivo. Por quê? Porque existem fatores que apontam para esse cenário.
a) Ninguém agüenta mais discursos demagógicos. Isso é coisa do passado.
b) O processo de comunicação é complexo devido à multiplicidade dos recursos tecnológicos.
c) É preciso dizer muito em pouco tempo, de forma clara e objetiva, na hora e público certos.
d) As empresas precisam repassar tecnologia e conhecimento de forma pró-ativa e sem retardo.
e) O mundo globalizado gira em torno de reuniões produtivas e decisões inteligentes.
f) As informações se processam em termo real e é preciso diligência e atenção em falas sucintas que promovamfeedback constante.
Portanto, não é mais necessário "dourar a pílula", apresentar "discursos" inflamados. Acabou a era do "falante" privilegiado num oceano de tímidos e inibidos calados. A oratória de nossos dias tem uma característica especial: você tem que saber expressar aquilo que está fazendo, pois o que está fazendo tem que ser conhecido, vivenciado, experimentado por todos.
Se você não concorda comigo é porque está em um estágio superior, faz suas apresentações em público sem problema, dirige reuniões com habilidade, participa de negociações, não perde a linha nem a compostura, não é? Você cuida dos seus relacionamentos, leva sua agenda de compromissos em dia. Domina a ansiedade e o medo. Pronto! Tira de letra!
Mas, se você não se enquadra no parágrafo anterior, que é dos - digamos - privilegiados e há a necessidade de obter desenvoltura verbal o que tem que fazer? Resposta: entre na jaula e enfrente os leões! Sim. A comunicação diante das pessoas só se aprende fazendo, dobrando os joelhos, errando, vacilando, para aprender de vez. E você vai descobrir, satisfeito que "suprimida a causa, cessam os efeitos!". Os efeitos você conhece: branco na memória, gagueira, suor, taquicardia, tremor nas mãos e nas pernas, falta de ar e de visão etc.
E o medo? Ora, o que é o medo senão uma pedra no caminho que pode ser removida com facilidade. Coragem, claro. Na medida que você o experimenta, você o domina, entendeu? Porque você vai deixar de ser um mero expectador para se tornar um cidadão crítico e ativo. E a ansiedade? É aquela sensação estranha que invade o processo de preparação e de apresentação. A ansiedade é um bem natural. Isto mesmo! A ansiedade existe para que nos preparemos para uma atividade. Ou você acha que o Ronaldinho Gaúcho, o melhor do mundo, não fica tenso antes de começar um jogo?
Por fim, resumi alguns conceitos que acredito importante para consolidar esta mensagem. Eles tratam de aspectos que são abordados em cursos de oratória, cuja maior ênfase está na possibilidade de você reconhecer seu talento e acreditar que tem vez no mercado. Basta querer.
Lembrando os fundamentos da Oratória Moderna
a) Que o medo de falar em público é superado pela prática e pela autoconfiança.
b) Que a ansiedade tem de ser entendida como um fator preparatório de superação.
c) Que a postura física e emocional do orador permite emitir sinais de equilíbrio e simpatia.
d) Que a comunicação verbal se manifesta com maior amplitude na medida em que a voz tem ênfase e entonação.
e) Que a fluência verbal é um efeito decorrente do repertório de palavras adquiridas por uma práxis constante de leitura e questionamentos adequados e oportunos.
f) Que quanto mais o orador se envolver com o conteúdo mais atenção despertará.
g) Que o conteúdo da apresentação deve estar basicamente centrado na expectativa da platéia.
h) Que a criatividade e a espontaneidade fazem a diferença na comunicação e diante do público.
i) Atenção: que a fala de improviso só é indicada para quem tem amplo domínio do assunto e acentuado controle emocional (As palavras emocionam mas, os exemplos decorrentes das palavras, esses "arrastam").
j) Que a comunicação deve ser um ato de urbanidade, coerência e ética, para agregar valores.
k) Que a comunicação é prejudicial e danosa à imagem do emissor quando associada à maledicência, à intriga e à desinformação.
l) Que o tempo pertence ao público. O orador é escravo do tempo alheio.
m) A comunicação deve ser a ponte, em qualquer situação, para o entendimento e a cooperação entre as pessoas.
Palavras-chave: | oratória | comunicação 
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