segunda-feira, 10 de outubro de 2011


 A importância da criatividade na qualidade de vida

São poucas as idéias que nascem perfeitas, sempre é preciso adequá-las, assim como em criatividade não existem erros e sim ensaios

Maria Inês Felippe *

Criatividade e qualidade de vida. Temas interessantes no contexto atual, em que cada vez mais temos que ser criativos para termos uma razoável qualidade de vida. Quando digo qualidade de vida, não estou me referindo apenas à boa alimentação e à prática de uma atividade física, mas também a saúde mental. Cada vez mais temos que ser criativos, devemos buscar novas formas de aumentar nossos ganhos, garantir e conquistar a empregabilidade, tentar solucionar problemas do dia-a-dia, criar e desenvolver novos produtos, apostar em formas diferentes de atender clientes.

A criatividade possibilita contribuir socialmente neste mundo de transformações, criando novos produtos, serviços e gerando empregos. As empresas devem buscar não somente a sobrevivência, mas também sua expansão. Sendo, assim, a criatividade é fundamental, e para tal o ambiente de trabalho e a liderança deverão ser favoráveis à criação. Obviamente que nem sempre temos um ambiente propício para a criatividade, mas nos programas de treinamento temos identificado uma certa abertura por parte das pessoas para proporcionar um ambiente mais favorável. Geralmente tratamos da criatividade pessoal, pois acreditamos que a maior barreira que as pessoas possuem em relação a ela faz parte da sua forma de pensar, e que muitas vezes nós mesmos bloqueamos o processo criativo. Ou seja, alguns consideram-se pouco ou nada criativos, não percebendo que a iniciativa e a criação dependem exclusivamente de uma predisposição puramente pessoal.

Nos programas sempre questiono: quanto tempo faz que você não muda os quadros das paredes da sua casa? Não digo comprar, mas colocar em outro lugar ou outra posição? E a disposição da cama no seu quarto? E a sua forma de dormir? O percurso para o trabalho? São questões que fazem refletir que o ato de criar depende de cada um e não necessariamente de fatores externos. A criatividade possibilita viver melhor, perceber os acontecimentos de forma diferente, buscar soluções para problemas, tanto pessoais como profissionais. Temos sempre que pensar em fazer de maneira diferente, melhorar os negócios, agregando valor à organização. Estamos na era do robotismo, dos descartáveis, da uniformização, na era do ter e não ser. Não encaro isso como tão favorável para o ser humano.

Por isso, é muito importante treinar a criatividade. Ela é um comportamento totalmente aprendido; todos são criativos, só que por questões educacionais, familiares e empresariais as pessoas, muitas vezes, deixam de ser. Assim como fazemos na academia de ginástica, exercitando o corpo, temos que estimular o cérebro, identificando problemas e erros, e conseqüentemente criando soluções. Praticar o uso da criatividade eleva a produção, abaixa custos, aumenta a satisfação do cliente e a auto-estima do trabalhador.

Mas para isso temos que pensar em programas orientados a resultados e não apenas à geração de idéias. É importante trabalhar, além da geração de idéias, a classificação, a mensuração, a decisão na implantação, a avaliação e a reformulação. Quando a empresa investe em programas de treinamento, o retorno é garantido, desde que sejam bem elaborados. Quando isso acontece, as pessoas evoluem e conseqüentemente a empresa melhora se souber aproveitar. Para isso não devemos desconsiderar a importância dos processos de liderança como agentes facilitadores do processo criativo.

Recentemente participei de um programa realizado na empresa Festo Automação, em que desenvolvi um módulo sobre "Criatividade e Qualidade de Vida". A empresa resolveu investir nesse programa porque acredita que melhorando a qualidade de vida dos seus colaboradores, também melhoram o desenvolvimento das atividades e os relacionamentos interpessoais. Através de atividades de controle mental, criatividade pessoal e aulas de artesanato, a Festo vem inovando, proporcionando ao funcionário aprender tecnicamente sobre criatividade, correlacionando com o seu dia-a-dia tanto na vida pessoal como organizacional. No processo de criação todos são importantes, e nos programas de treinamento é importante trabalharmos com os personagens da criação, respeitando e desenvolvendo suas diferenças individuais.

* Maria Inês Felippe é psicóloga, mestre em criatividade pela Universidade de Santiago de Compostela / Espanha e consultora de empresas – e-mail: m.inesrh@uol.com.br

RH EM SÍNTESE Nº 34 - ANO VI - MAI/JUN 2000 - PÁGINAS 24 E 25

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